Ovelhas e cabras na mira de grandes grupos
A produção de caprinos e ovinos começa a atrair investimentos de grandes grupos interessados no potencial de consumo das carnes. A Amazon Br Agropecuária , especializada na criação de reprodutores e matrizes de ovelhas, planeja ampliar a sua produção.A empresa conta hoje com 15 mil matrizes, mas o objetivo é chegar a 300 mil até 2014. “O investimento para viabilizar os nossos planos é de R$ 60 milhões”, explica o diretor executivo da empresa, João Caetano Jr.
Além de abastecer o mercado brasileiro, a Amazon planeja construir um frigorífico próprio, certificado para exportação, até 2007. “O Brasil não exporta carne de cordeiro, pois não possui frigoríficos certificados”, explica o executivo. Outra empresa que aposta no setor é a Rissington Brasil , de Araçatuba (SP), uma parceria no Brasil entre o Frigorífico Marfrig e a holding internacional Onyc . A empresa está investindo no País para desenvolver um rebanho de ovinos de qualidade para abate.
Segundo o coordenador geral do projeto, Fernando Gotardi, a Rissington do Brasil vem utilizando a genética da raça Highlander, da Nova Zelândia, no País. Ele acrescenta que a variedade desenvolvida pela Rissington Breedline gera duas crias de ovelha por ano, contra média de 1,5 cria por matriz em outras raças. Desde agosto de 2004, quando a empresa chegou ao Brasil, já foram inseminados 5,1 mil embriões em ovelhas brasileiras no rebanho dos quatro principais parceiros da Rissington no Brasil, a AC Agro-Mercantil , de Araxá (MG); Agropecuária Campanário , de Assis (SP); Agropecuária Santa Nice , de Amaporã (PR) e Cabanha Araçá , de Araçatuba (SP).
As estimativas de consumo de carne de cordeiro no Brasil variam entre 0,7 kg e 1,1 kg por habitante ao ano. Já o consumo médio de carne bovina é de 40 kg por habitante. Mesmo assim, a produção nacional não é suficiente para atender o mercado interno e, por isso, o País importou 4,6 mil toneladas de carne ovina congelada no ano passado. “Existe uma demanda interna com potencial de crescimento”, avalia Caetano Jr.
Profissionalização
A entrada de grandes grupos com alta produtividade e qualidade genética pode mudar o perfil do setor. “Enquanto a Amazon pretende chegar a 300 mil matrizes, a média do País é de 200 matrizes por produtor”, estima o chefe de pesquisa da Embrapa Caprinos, Raimundo Nonato Lôbo. Segundo ele, o movimento de profissionalização está ocorrendo tanto em grandes como em pequenas propriedades. No entanto, Lôbo alerta que é preciso ter cautela na formação de grandes rebanhos, que são mais propícios à disseminação de doenças.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, o rebanho brasileiro de caprinos é de 10 milhões de animais. Para os ovinos, o número é de 15 milhões de cabeças. Mais de 75% destes grupos estão concentrados no Nordeste.
A Bahia possui hoje o maior rebanho de caprinos do Brasil com 4,2 milhões de cabeças. A atividade tem crescido em média 20% ao ano, nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (Accoba) . Segundo o criador e presidente da Accoba, Fernando Didier, apenas em comercialização de animais de raça —Boer, anglo e alpinas — os 200 associados movimentaram em 2005 cerca de R$ 4 milhões. Didier não sabe precisar quantos criadores existem em todo o estado, nem quantos investimentos a atividade tem atraído. A maior concentração de caprinos da Bahia está localizada na região do semi-árido, em cidades como Juazeiro e Uauá, pois os animais sobrevivem com um baixo consumo de água. De acordo com o diretor de Pecuária da secretaria da Agricultura, Plínio Moura, a expansão da atividade se deve a uma melhor organização da cadeia. “A modernização do plantel também tem sido incentivada pelo governo do Estado, através de programas como o Cabra Forte. O programa garante além da assistência técnica e qualificação profissional, a sanidade dos rebanhos dos pequenos caprino-ovinocultores e especialmente o suprimento hídrico”, diz ele. De acordo com levantamento da Embrapa Caprinos, 70% das cabras, bodes e ovelhas do Nordeste não possuem raça definida, o que indica o amadorismo da produção. “É preciso investir na criação de uma escala produtiva, na padronização dos cortes e na regularização da oferta, para garantir o abastecimento do mercado”, afirma Lôbo.
Crescimento
Não existem dados concretos sobre o crescimento do rebanho e do consumo de ovinos e caprinos no Brasil. “Não há censo, como no caso dos bovinos”, explica Lôbo.
Um dos caminhos para avaliar o crescimento e a profissionalização das culturas é por meio do consumo de produtos de saúde animal. A Tortuga , líder no mercado de suplementos minerais para ovinos, registrou no ano passado vendas 25% maiores que em 2004 na linha para ovinocaprinocultura. “Para este ano, esperamos crescer 30% neste mercado e estamos investindo em novos produtos”, revela o Coordenador Nacional de Caprinos e Ovinos da Tortuga, Antonio Augusto Coutinho. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan) , as empresas do setor venderam R$ 61 milhões de reais em produtos para produtores do setor em 2004.
hyghlandercordeiros@gmail.com
Projeto Produção de Cordeiros
na Fronteira Oeste do Rio
Grande do Sul.
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