Nos últimos anos, aconteceram mudanças mercadológicas dos produtos ovinos, tornando-se a carne o item principal e mais explorado deste agronegócio. Entretanto, essa espécie como produtora de carne, ocupa no Brasil posição ainda modesta em relação às demais e nos últimos anos vem aumentando o número de criadores ingressantes na atividade, tanto a nível estadual como nacional, devido ao aumento crescente na demanda dos consumidores pela carne ovina. 1. A influência indireta da comercialização da carne é alta, devido à grande variação do produto ofertado, que está influenciado pelo ambiente, genética e nutrição. Além disso, é importante que a mesma esteja disponível para comercialização ao longo do ano, necessitando a busca de novos sistemas de produção para cordeiros de corte, que promovam ritmo de crescimento mais acelerado, consequentemente reduzindo a idade de abate e proporcionando retorno rápido de capital. No Brasil, a maioria dos criadores adota o sistema extensivo de criação de ovinos, enquanto que os empreendimentos com melhor emprego de tecnologia, realizam o confinamento após o desmame. A adoção de tecnologias vem sendo facilitada pelos trabalhos técnicos ligados às diversas entidades ligadas a pesquisa e Associações de criadores, contribuindo para a expansão e melhoria da qualidade dos produtos da espécie, buscando genótipos mais adequados, aliados ao bom manejo nutricional e profilático.
2. Manejo nutricional das diferentes categorias 2.1. Manejo dos reprodutores Existem alguns cuidados essenciais para que os carneiros demonstrem todo seu desempenho reprodutivo, possibilitando aumentos significativos de fertilidade das ovelhas, sendo a nutrição extremamente importante, cuidado esse que deve ser antes e durante a estação de monta. Os cuidados na fase de pré encarneiramento são de vital importância, pois constituem a preparação para a reprodução e consequentemente para todo o desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho, pois os mesmos são considerados o polo melhorador de todo o rebanho. Num rebanho ovino os reprodutores são os responsáveis pelo maior número de descendentes e transmitem suas características com maior intensidade, em função de acasalar com aproximadamente 40 a 50 ovelhas, isso em monta natural. Caso o pasto não apresente bom valor nutricional devemos realizar uma suplementação alimentar, variando de 0,5 a 1% do peso vivo (ração concentrada com aproximadamente 14% PB e 65% NDT), isso quando o mesmo não estiver em boa condição corporal. Lembrando que o reprodutor não pode estar muito gordo nem magro demais. A suplementação dos carneiros, às vezes torná-se necessária também durante a estação de monta.
2.2. Manejo de ovelhas no terço final de gestação O período de gestação da ovelha é de aproximadamente 147 dias, sendo que nos primeiros 100 dias de prenhes, a exigência nutricional da mesma é menor, pois o feto ainda está com pouco desenvolvimento. Entretanto, na fase que compreende as últimas 6 semanas (terço final de gestação - Figura 1) são formados aproximadamente 75-80% de peso final do cordeiro. Neste período à alimentação deficiente, traduz-se em nascimento de cordeiros débeis, além da baixa produção de leite da ovelha e menor instinto materno, com maior chance de rejeição dos cordeiros.
Nessa fase devemos ter um pasto maternidade de boa qualidade, preferencialmente adubado, com folhas tenras de alta qualidade, para atender suas necessidades nutricionais, caso contrário devemos lançar mão da ração concentrada (17% de PB e 68% NDT), com suplementação de 0,5 a 1% do peso vivo. Também existe a possibilidade de fornecer um sal mineral proteínado (40 % PB), objetivando atender esse déficit, com consumo estimado de 60g/dia.
2.3. Manejo de ovelhas em lactação Nessa fase aumenta drasticamente a exigência nutricional, principalmente se a ovelha estiver parida de gemelar, portanto, nesse estágio é imprescindível a nutrição adequada, almejando a redução da verminose, evitando mortalidade das mesmas e até dos cordeiros. Outro ponto positivo da boa nutrição nesse período é que contribuirá com o aumento do peso ao desmame dos cordeiros, devido à maior produção de leite das ovelhas. Cerca de 80% da produção total do leite das ovelhas são produzidos nas primeiras oito semanas de lactação, após essa data a quantidade oferecida ao cordeiro corresponde em menos de 10% das suas necessidades diárias. A partir dos 45 dias de idade, o cordeiro já se alimenta normalmente como um ovino adulto, não necessitando exclusivamente de leite para sua sobrevivência.
2.4. Manejo dos cordeiros Desta maneira, o cuidado com o cordeiro se inicia quando o mesmo está na fase fetal, devendo dar continuidade nas boas práticas de manejo após o nascimento. O colostro é imprescindível nas primeiras horas, quanto mais rápido o cordeiro ingeri-lo melhor (no máximo até 8 horas - Figura 2), devido à maior absorção de imunoglobulinas nesse período, conferindo a imunidade aos mesmos até os 30 dias de vida. As reservas energéticas dos cordeiros os mantêm vivos por um período de aproximadamente oito horas, em condições de frio e umidade, esse tempo reduz drasticamente se a cria não mamar o colostro, em pouco tempo entra em estado de inanição e vem a óbito. Para que ocorra a intensificação de produção, torna-se necessário adotar alternativas ao sistema convencional, fazendo com que os cordeiros tenham o máximo de ganho de peso possível, em menor tempo. Neste contexto apresenta-se como opção a suplementação exclusiva para os lactentes, desde os primeiros dias de vida, comumente conhecida por creep feeding (comedouro privativo - Figura 3). Esta prática consiste em fornecer alimentação suplementar somente para os cordeiros em aleitamento, em área inacessível às ovelhas. Este sistema ainda é pouco adotado a nível nacional, que tem como principal objetivo alcançar melhores índices zootécnicos, principalmente à redução na idade de abate dos cordeiros. Na Universidade de Marília, no Setor de Ovinocultura têm sido realizados trabalhos experimentais nesta área desde 1997, com abate dos cordeiros Suffolk, possuindo idade variando de 60 a 80 dias, com peso vivo de abate entre 28 a 30 kg. Os animais abatidos têm apresentado excelentes características de carcaça, além de boa qualidade da carne, atendendo o padrão exigido pelo mercado consumidor (parte dos trabalhos publicados na Revista Brasileira de Zootecnia). Além dessas vantagens, outro ponto importante a ser destacado é o menor custo de implantação do sistema, pois os ovinocultores que trabalham em sistema intensivo, geralmente adotam a técnica de confinamento, que necessita de instalações consideradas desnecessárias no sistema aqui preconizado. Embora sempre têm cordeiros que atingem o peso ao desmame, desta maneira necessitando da sua terminação em confinamento (Figura 4), porém o mesmo irá permanecer menos tempo nessa estrutura.
3. Considerações finais Para obter bons resultados na produção de ovinos de corte deve-se preocupar com os três pontos fundamentais, que é o ambiente, genética e nutrição. A nutrição é imprescindível para o ovinocultor que deseja atingir boa produtividade e rentabilidade na sua criação. Entretanto, as categorias animais possuem exigências nutricionais diferentes, para conseguir ganhos satisfatórios consulte sempre um técnico para formular e indicar a quantidade de uma ração específica para cada fase.
Dr. Cledson Augusto Garcia - Zootecnista da Cabanha UNIMAR |
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