O confinamento de cordeiros e cabritos surge como um caminho eficiente e rentável, principalmente no sudeste, no centro-oeste e até mesmo no nordeste, pois esta prática aproveita melhor a capacidade de conversão alimentar dos animais, que é especialmente alta até os 120 primeiros dias de vida. Essa ação também estabiliza a oferta de alimentos nas épocas mais secas do ano, e aumenta a proteção contra a contaminação por verminoses, liberando espaço para o rebanho de matrizes na propriedade. O confinamento de ovinos e caprinos requer conhecimento, atuação intensiva sobre o rebanho e muito profissionalismo. Neste sistema não há perdão para o amadorismo e a improvisação. A atividade em si é muito lucrativa, e vale a pena fazer parte dela, mas o grande segredo para quem quer se dar bem é o profissionalismo. Se o criador quer começar a confinar, a primeira coisa a fazer é contar com apoio técnico. Aí a atividade dá certo.
Com o apoio de especialistas e criadores, dividimos as tarefas necessárias à estruturação de um confinamento bem sucedido, entre: gerenciamento, estrutura, nutrição, sanidade, genética, manejo e a comercialização. Nesta reportagem abordaremos estes tópicos de forma breve para que os leitores saibam que não é necessária uma super-estrutura para ganhar dinheiro confinando, mas é fundamental ter o mínimo necessário de cada fator. O tamanho do confinamento variará de acordo com região, tamanho da propriedade e potencial de cada criador, mas a vantagem inegável é que o espaço necessário não é tão grande, e há uma grande oferta de apoio técnico para quem quer começar já.
GERENCIAMENTO Esta é considerada a etapa mais importante, pois os animais requerem uma metodologia de trabalho diferente, que deve ser aprendida através de cursos e treinamentos, e aperfeiçoada com reciclagem freqüente. Tanto criadores quanto tratadores e peões - mesmo os profissionais - devem sempre buscar apoio técnico e renovação de conhecimentos. O SENAR, a Emater, a Embrapa, o Instituto de Zootecnia, Cescage, Unifeob, Sebrae e a Capritec são algumas dicas de onde buscar essa renovação de conhecimento, além das associações de criadores dos seus estados ou da região. A oferta de cursos neste setor estão aumentando. Outro fator importante no gerenciamento é a aquisição de softwares de apoio. Há alguns já disponíveis no mercado, facilmente encontrados na Internet. Peça orientação aos técnicos da associação.
ESTRUTURA Uma estrutura eficiente não requer grandes investimentos. Afinal, muito dinheiro gasto na etapa inicial pode até inviabilizar o negócio. Por outro lado, economia demais pode gerar dores de cabeça depois – o barato sempre sai caro !!!.
O ideal, se possível, é aproveitar as estruturas já existentes na propriedade, adaptando apenas o essencial e necessário. Conforto e segurança para o animal, além de higiene e racionalidade para o manejo são os parâmetros. Um aprisco seco, bem sombreado e protegido da umidade, com espaço suficiente para os animais, bem como, saleiros, cochos e bebedouros bem feitos, e uma boa limpeza são suficientes. Dimensionar bem a propriedade, portanto, é essencial.
NUTRIÇÃO Fator preponderante no confinamento, o investimento em nutrição chega a representar 70% dos custos totais da operação. A alimentação deve ser de primeira qualidade e associar volumoso e concentrado na proporção certa, pois, os cordeiros por exemplo, são muito exigentes no aspecto nutricional. Aqui a negligencia representa perda de dinheiro... o cordeiro tem um potencial de engorda de 1Kg (carne) por cada 3Kg de alimentação (comida). As gramíneas, como o Tifton, Coast-cross e o Flora Kirk, que crescem por mudas, e também a Aruana, entre outras (capim elefante, tanzânia, colonião etc), além de pastagens de leguminosas adaptadas ao clima de cada região, tem sido bem sucedidas. Alguns subprodutos da agricultura podem ajudar na formação de uma nutrição rica e palatável. Silagem e fenação de acordo com a capacidade da propriedade, bem como a compra ou produção local de ração. A ração tem que estar presente na alimentação dos animais em confinamento. Não há fórmulas prontas, a disponibilidade da região aliada à capacidade do produtor é que determinará os meios a serem usados. No nordeste, as palmas são muito utilizadas na formação da alimentação dada aos animais confinados.
Alguns técnicos recomendam cuidado no uso da Braquiária, pois além dela ter poder nutritivo inferior, há o problema da intoxicação quando ocorre a incidência de fungos nesta gramínea quando seca.
SANIDADE A higiene e a desinfecção das instalações, bem com a inspeção constante dos animais é essencial. Vermifugar, realizar exames de fezes constantes, vacinar os animais contra clostridióses, tétano, raiva e febre aftosa (esta apenas quando indicada pelas autoridades), separar os animais doentes, manter a limpeza das camas e o asseio do rebanho, combatendo a podridão dos cascos e a querato conjuntivite, garantirão lotes bem preparados para a venda, evitando a rejeição por parte dos frigoríficos. Todo cuidado com sanidade é pouco nesta atividade.
MANEJO A questão do manejo agrega todos os outros fatores, e portanto não cabe uma regra específica, mas deixa-se claro que ovinos e caprinos são animais cujas exigências de manejo são diferentes dos bovinos, e os pequenos ruminantes tendem a ser mais seletivos e mais exigentes, requerendo maiores cuidados e uma presença mais constante dos olhos humanos. Com o passar do tempo cada criador desenvolve e aperfeiçoa métodos mais eficazes de acordo com sua característica, da sua propriedade e de seu rebanho, por isso, é importante estar sempre em busca de atualização.
GENÉTICA Um dos grandes segredos do confinamento é aproveitar a heterose para acelerar o potencial de ganho de peso dos animais, e cada criador deve pesquisar o que é mais interessante para sua realidade. Nas de raças compostas, como a Highland (materna) e a Primera (paterna), patentes da Rissington, um grupo de 1.000 borregas chega a desmamar 1.600 cordeiros a cada ciclo, e todas as crias de cruza com matrizes Primera vão para o abate. Enfim, opções não faltam, das mais simples às mais sofisticadas.
COMERCIALIZAÇÃO Sem uma integração com os frigoríficos e uma rede de distribuição não é viável iniciar um trabalho. Nos estados de São Paulo e Paraná, bem como em Minas Gerais e Mato Grosso, enfim, hoje em quase todo o Brasil, diversos produtores rurais estão consorciando sua atividade agrícola com o confinamento de ovinos, a partir do apoio de cooperativas e de grupos empresariais, como por exemplo: a Rissington, a Amazon Br, a Margen Cordeiro Nobre, o Grupo VPJ, a Cooperativa Castrolanda, o Pif Paf, entre outros. No esquema de trabalho desses consórcios, há uma garantia de compra de 100% da produção, desde que se entregue um animal padronizado. Ganha-se dos dois lados: o criador recebe apoio técnico e garantia de compra, e o frigorífico ou investidor evita os grandes custos de uma estrutura própria.
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