sexta-feira, 1 de julho de 2011

TOSQUIA TALLY-HI - técnica Australiana

Técnica australiana de tosa aumenta produtividade das ovelhas



A tosquia tally-hi, que permite a esquila pré-parto de ovelhas de uma forma mais rápida que o método tradicional e aumenta o conforto e a produtividade dos animais, já faz parte da rotina de 15 pequenos agricultores da região de São Gabriel, no Rio Grande do Sul. A técnica, que coloca o exemplar em nove posições, permite a tosa em aproximadamente seis minutos, cerca de quatro vezes mais rápida do que o método antigo, no qual a lã da ovelha é retirada com tesouras e o animal tem de ser amarrado.

Com a otimização do tempo e os ótimos resultados desse manejo, Elusa de Andrade, médica veterinária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) de São Gabriel, tem procurado disseminar para os produtores da região os benefícios dessa técnica, com a realização de cursos gratuitos.

Segundo Elusa, o procedimento de retirada da lã de 30 a 90 dias antes de a ovelha parir torna a fibra mais resistente, já que o animal ainda não passou pelo estresse do parto. Isso confere qualidade à lã e melhora seu aproveitamento pela indústria. Além disso, a médica destaca que o manejo diminui a mortalidade dos cordeiros, porque os exemplares procuram locais mais abrigados para parir, e aumenta o ganho de peso na parte final da gestação, uma vez que o frio estimula a ovelha esquilada a ampliar a ingestão de alimentos para aumentar sua temperatura corporal.

"Queremos difundir a adoção dessa prática na região, pois representa maior comodidade para o animal, qualidade da lã e mais retorno financeiro para os produtores. Com o uso da técnica, conseguimos retirar o velo inteiro, evitando recortes e produzindo mechas mais longas" - destaca Elusa.

Um dos pioneiros desse método na região, o produtor Genez Duarte, cuja propriedade de 90 hectares fica na localidade de Timbaúva, interior de São Gabriel, cria há 16 anos cerca de 150 ovinos e também investe nas lavouras de milho e arroz. Há dois anos, com a escassez da mão de obra na região para a realização da esquila, Duarte resolveu investir R$ 3,5 mil na aquisição da máquina. No ano passado, com a retirada de cerca de três quilos de lã por animal, comercializou o produto a R$ 7 o quilo, o que representou aproximadamente R$ 1,6 mil. O valor da lã vai depender da raça do animal e pode chegar a R$ 12 o quilo, em especial quando for Merino Australiano.

"Anteriormente, o custo para a tosa manual era de R$ 2,70 por animal. Já com o uso da máquina, fica em R$ 1" - compara Duarte. As técnicas de preparo pré-parto deverão ser realizadas em julho, já que o período de parição na região se dará entre agosto e setembro.

As informações são do Zero Hora, adaptadas pela Equipe FarmPoint.

Comentários:


LUCA - Pelotas - Rio Grande do Sul - Estudante

MyPoint - postado em 27/06/2011

Pesquisas utilizando a Tosquia Pré Parto (TPP) como tecnologia pra melhorar índices zootécnicos da ovinocultura tiveram inicio no Reino Unido em 1977. Atualmente diversos países realizam esta prática, entre eles Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e Brasil.

Nestes mais de 30 anos dedicados as pesquisas, diversos profissionais de diferentes centros de investigação provaram a esquila em variados períodos da gestação (53, 70, 90, 120 dias) tentando identificar quais seus reais benefícios e a data mais apropriada para sua realização.

Entre os fatores favoráveis da TPP está o aumento do peso dos cordeiros ao nascimento, maior vigor, maiores índices de sobrevivência de cordeiros pós 72hs de parto, maior produção de leite em ovelhas esquiladas pré-parto e maior peso de cordeiros no momento do desmame. A TPP apresenta melhores resultados quando realizada entre os dias 30 e 90 de gestação, que é o momento de desenvolvimento da placenta em ovinos.

Em sistemas de produção, como os executados no Rio Grande do Sul, a gestação de ovinos ocorre em meses de inverno. A tosquia de ovelhas gestantes e consequentemente a exposição destas mães ao frio gera uma inversão metabólica, o que ocasiona uma modificação na utilização de nutrientes entre mãe e feto, são relatados também diferenciações nos índices de glicose, triiodotironina e corticosteróides, ocasionados pela TPP.

Vale ressaltar que, em situações onde as condições climáticas são severas, devemos ter atenção no tipo de lâmina de corte utilizada para tosquia (quando realizada com máquina elétrica). O remanente de lã nunca deve ser inferior a 0,8cm, o que é obtido com a utilização da lâmina "pré-parto" ou cover (como também é conhecida). Observar a condição corporal (condição de engorduramento) das ovelhas gestantes antes da tosquia é extremamente importante. Animais muito fracos não devem ser esquilados. Doze às 24hs após o corte da lã (no inverno) o metabolismo e o gasto energético dos animais é incrementado em até 120%, se o ovino não possui reservas suficientes para se termorregular e para suprir esta maior demanda energética do organismo a morte pode ser uma das consequencias.

Ovinocultores que realizam a TPP podem, além dos benefícios para o cordeiro, obter melhor valorização pela lã, já que estarão entregando o produto em uma época do ano (junho/julho) em que este é escasso nas empresas beneficiadoras. Além de melhor remuneração, a TPP melhora a resistência da mecha e o rendimento de lavado.

Atenciosamente

Luiza Sphor  Engenheira Agrônoma


fonte: http://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-de-noticias/tecnica-australiana-de-tosa-aumenta-produtividade-das-ovelhas-72674n.aspx

quarta-feira, 8 de junho de 2011

ELO DA CADEIA OVINA

Qual é o elo da cadeia ovina que atualmente demanda maior atenção?


Segundo Castro e Lima (2004), cadeia produtiva é o "conjunto de componentes interativos, incluindo sistemas produtivos agropecuários e florestais, fornecedores de serviços e insumos, indústrias de processamento e transformação, agentes de distribuição, armazenamento e comercialização, além dos consumidores finais dos produtos e subprodutos da cadeia."

Atualmente, algumas universidades e instituições de pesquisas vêm realizando diversos estudos relacionados às cadeias produtivas agroindustriais, já que os resultados são satisfatórios e podem ser aplicados na prática. Quando descobertos, os principais gargalos da cadeia produtiva em estudo podem ser destrinchados, o que facilita o encontro de soluções.

A ovinocultura vem se destacando como uma atividade em expansão no agronegócio brasileiro, porém, apresenta diversas falhas na sua cadeia produtiva. A regularidade na oferta do produto, a produção formal e os padrões de segurança alimentar só serão cumpridos a partir do momento que a cadeia produtiva ovina tiver um mínimo de coordenação e um equilíbrio na participação dos seus agentes. A ausência de interação desfavorece a formação de uma estratégia e resulta em perda de competitividade como um todo.

Figura 1 - Estrutura simplificada da cadeia produtiva ovina no Brasil.

Devido à crescente demanda por carne ovina no Brasil e seu aquecido mercado, este é um bom momento para a cadeia ovina ser analisada e repensada. O objetivo é buscar novas estratégias competitivas que consolidem a atividade no agronegócio brasileiro.
O FarmPoint pergunta: qual é o elo da cadeia ovina no Brasil que hoje demanda maior atenção?

Raquel Maria Cury Rodrigues, Equipe FarmPoint
Fonte: http://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-de-noticias/qual-e-o-elo-da-cadeia-ovina-que-atualmente-demanda-maior-atencao-72314n.aspx

sábado, 4 de junho de 2011

OVINOS DE CORTE EM CONFINAMENTO

O confinamento é um método de cria eficiente, que possibilita um abate precoce dos cordeiros e torna viável a exploração econômica de pequenas propriedades
Os grandes conglomerados de pessoas nas cidades têm impulsionado a demanda e, consequentemente, a produção de carne de ovelha. Por isso, devido a grande diversidade estrutural das propriedades agrícolas brasileiras, alguns estudos vêm sendo feito no sentido de adaptar a produção ovina aos mais diversos meio ambientes. Várias técnicas vêm sendo testadas, com destaque para a desmama precoce, seguida de recria dos cordeiros em total confinamento. A adoção desse método requer custos extras de instalações e ração e por esse motivo, só é indicado para a criação de animais com genética capaz de oferecer um retorno significativo, tanto em termos de desenvolvimento, quanto de preço final.

O cordeiro ideal para o confinamento

Uma boa conversão da ração em carne, um elevado índice de crescimento e uma boa deposição de gordura são as características ideais para um carneiro a ser confinado. Vários outros fatores também devem ser levados em consideração para que o produto final seja condizente com o que espera o produtor rural, ou seja, é preciso um bom planejamento do sistema de produção, desde a seleção genética e controle sanitário até o plano de alimentação e o manejo do plantel. Um outro ponto a ser levado em conta pelo produtor adepto do confinamento de ovelhas são as estratégias para se conseguir bons preços de entresafra, o que é possível mediante a velocidade de engorda que o sistema permite e que faz com que o produto consiga um sobrepreço por chegar ao mercado em períodos diferentes dos cordeiros criados a pasto – que estão atrelados aos períodos das chuvas e pastagens.

Ovinocultura: uma atividade em franca expansão

A produção de ovinos de corte é uma atividade com grande potencial nos dias de hoje. Trata-se de um mercado com participação socioeconômica crescente e perspectivas muito boas no médio/longo prazo, sobretudo devido as novas tendências do consumo e a explosão da indústria da saúde e bem-estar. Sua consolidação dá-se também por ser uma alternativa viável a exploração econômica da pequena e média propriedade rural, o que, no Brasil, encontra raízes ainda muito fortes e com muito a ser explorado.

fonte: http://ovinocultura.com/ovinos-de-corte/

terça-feira, 10 de maio de 2011

PROJETO DA RISSINGTON BRASIL - reeditado

Fernando Gottardi, da Rissington Brasil: genética neozelandesa para produção de carne postado em 06/09/2006

Luiz Fernando Gottardi é engenheiro agrônomo e há mais de 20 anos dedica-se a ovinocultura. É proprietário da Cabanha Araçá, em Araçatuba, onde cria ovinos da raça Suffolk. Atualmente atua também como responsável pelo projeto de produção de cordeiros da Risington Brasil, empresa detentora da tecnologia genética das raças Highlander e Primera.



FarmPoint: Você poderia nos dar uma breve explicação de qual é o objetivo do trabalho que a Rissington Brasil está desenvolvendo?

Gottardi: O projeto surgiu de uma necessidade de produzir um cordeiro com qualidade superior, em quantidade para atender o mercado interno, e com padronização. Hoje, no Brasil, não há um padrão entre as ovelhas, não se sabe os objetivos entre os cruzamentos. Por isso, montamos um programa que tem começo, meio e fim, trazendo genética neozelandesa, selecionada para produção de carne, e trabalhando em larga escala para garantir constância de fornecimento.

O produtor que desejar entrar nesse programa pode ter qualquer base de ovelha, mas estará usando a genética do programa, assinada por contrato, em cruzamentos absorventes até que se padronize a raça preconizada.

O objetivo do programa é formar um grande rebanho com a raça materna, e por isso temos que trabalhar com integração entre produtores, para atingir escala que pretendemos. A integração não é fechada, de modo que os integrados serão livres para comercializar os cordeiros onde conseguirem o melhor preço.

A vantagem mais importante desse trabalho é a genética, com a utilização dos compostos raciais Primera e Highlander, da mais alta tecnologia mundial em termos de produção de cordeiros. Essas raças não passam por julgamentos em pistas de exposição, leilões, nada disso. São selecionadas única e exclusivamente para a produção de cordeiros.

FarmPoint: Como funciona a estrutura administrativa do programa?

Gottardi: O programa possui 3 tipos de produtores, os Núcleos Genéticos Associados (NGA's), os multiplicadores, e os terminadores.

Os NGA's são responsáveis por produzirem os animais puros para fornecerem genética aos multiplicadores. São eles que recebem os embriões e sêmen da NZ. O projeto conta com 3 NGA's de Highlander e 1 NGA de Primera. Dessa forma, fica mais fácil de controlar a dispersão da genética, pois são poucas as pessoas que trabalham com ela.

Os multiplicadores serão responsáveis pela produção de matrizes Highlander para o cruzamento. Vão adquirir reprodutores Highlander, que utilizarão em seus rebanhos base para o cruzamento absorvente. Todas as fêmeas filhas desse cruzamento ficam na fazenda para serem cruzadas novamente com Hilander e assim por diante.

Acredito que as F3 (ou seja, a terceira geração do cruzamento absorvente, grau de sangue 7/8 Highlander) já poderão servir de matrizes para o projeto, apresentando muitas características do Hilander e já bastante adaptadas.

Os terminadores por sua vez, comprarão as fêmeas Hilander de um multiplicador e o macho Primera de um NGA. Toda a produção (F1) desse cruzamento é abatida, tanto machos quanto fêmeas, para se aproveitar o animal com máximo vigor híbrido (6 raças diferentes).

A única responsabilidade dos integrados é com a comercialização da genética, que deve ser totalmente controlada pela Rissington Brasil. A comercialização só pode acontecer entre os integrados do programa. Esse controle impedirá que produtores sem orientação trabalhem com essa genética e corram o risco de não atingirem resultados satisfatórios. Além disso, é uma forma de proteção do trabalho de muitos anos de seleção na Nova Zelândia.

FarmPoint: Quais os diferenciais que as raças escolhidas tem em relação às raças brasileiras? Porque não fazer uma heterose máxima com raças já existentes no Brasil?

Gottardi: Nós até poderíamos cruzar as raças brasileiras buscando heterose, como eu venho fazendo com meus animais Sufollk. Mas o que nós estamos trazendo não é um cruzamento e sim um composto racial, com mais de 20 anos de seleção. Durante todo esse tempo foi feito um trabalho de seleção na Nova Zelândia que nós não temos condições de fazer no Brasil, por falta de respaldo de instituições de pesquisa e governamentais.

A NZ está a mais de 40 anos na nossa frente em termos de tecnologia em ovinocultura. As poucas tecnologias que temos aqui são muito caras, o que inviabiliza sua aplicação rotineira, mesmo em projetos de seleção. Nós não temos respaldo tecnológico no Brasil para se iniciar um programa de seleção do zero.

FarmPoint: Você acredita que essas raças vão se desenvolver aqui da mesma forma que na NZ, mesmo com as diferenças no ambiente?

Gottardi: Acredito que isso não será um problema, principalmente porque estamos importando o embrião, que vai nascer e se desenvolver já em nosso ambiente. Se os animais viessem vivos, poderíamos enfrentar essa dificuldade. Inclusive os animais puros que nasceram aqui, e já estão com 18 meses, estão se desenvolvendo muito bem, de forma muito similar aos animais na NZ.

Além disso, os animais estão sendo cruzados com rebanho base brasileiro, totalmente adaptado, o que facilita a adaptação dos produtos dos cruzamentos absorventes.

FarmPoint: Quais são as características buscadas nos programas de melhoramento genético neozelandeses?

Gottardi: Vou lhe contar o que eu observei na Nova Zelândia, nos programas da Rissington.

No Primera, todos os anos são colocadas 50.000 ovelhas, devidamente identificadas com chip, e com exame de DNA, com os reprodutores (na taxa de 1 carneiro para cada 100 ovelhas). Após a parição, durante a prática do corte da cauda dos cordeiros, é realizada a coleta de sangue e o exame de DNA nas crias. Quando esses cordeiros são abatidos, as carcaças são classificadas e os cortes são medidos.

Com essas informações, os animais são avaliados em qualidade de carcaça, rendimento de carcaça e rendimento de cortes nobres. Por meio do exame de DNA, os reprodutores são classificados de acordo com o rendimento de seus filhos e os 2% superiores são utilizados para a coleta de sêmen.

No Highlander, as 50.000 borregas entram em estação de monta com 8 meses. As que emprenharem de apenas um cordeiro, já não voltam à monta na estação seguinte. As que emprenharem de gêmeos mas perderem uma das crias, também são eliminadas do programa pois não têm habilidade materna desejável. Só continuam no programa as fêmeas que desmamarem dois cordeiros.

A taxa média de desmame do Highlander na NZ é de 160%, sobre o total determinado pelo diagnóstico de prenhês feito com ultrassom. Ou seja, essa taxa leva em conta abortos e cordeiros que já nascem mortos.

Como o país está com o rebanho estabilizado e não almeja, e nem poderia, aumentar o rebanho, eles podem se dar ao luxo de aumentar a pressão de seleção e com isso crescer em produtividade.

Na Nova Zelândia, se uma ovelha apresentar problemas, como verminose, problemas de casco não se gasta muito dinheiro com tratamento, o animal é eliminado do rebanho para não transmitir aos outros e gerar mais gastos.

FarmPoint: Como a Nova Zelândia está participando do programa?

Gottardi: A Rissington Breedline é a empresa líder de melhoramento genético ovino na Nova Zelândia. Eles são nossos sócios e estão nos fornecendo a genética Hilander e Primera. Nós temos um contrato com a empresa que determina que 1% da melhor genética deles, de um programa que já tem mais de 1.300.000 ovinos na Nova Zelândia e que cresce numa velocidade muito grande, venha para o Brasil. Além disso, os representantes neozelandeses são muito participativos, visitam as propriedades daqui, participam dos dias de campo, dão palpites, dicas.

FarmPoint: Quais os números atuais do projeto? Qual é o objetivo?

Gottardi: O objetivo do projeto é chegar em 1.000.000 de cordeiros em 10 anos, para atingir não somente o mercado interno como também partir para exportação. Nessa primeira etapa do projeto, teremos 20.000 cordeiros nascidos até o final do ano.

FarmPoint: Qual será o preço das matrizes Hilander que os multiplicadores venderão aos terminadores?

Gottardi: Nós ainda não temos essa informação justamente porque ainda não temos fêmeas Highlander para serem comercializadas. Esse preço vai depender, como todos os outros, do mercado. Com certeza o animal terá o valor agregado da genética para produção, mas será um preço cabível dentro de qualquer planilha de custos que dê lucro ao produtor.

Não estamos pensando em preços de animais de exposição. Estamos trabalhando sempre com planilhas reais de custo de produção. O preço será o meio termo que satisfaça o NGA, o multiplicador e o terminador, pois se não houver uma cadeia em que todos os elos estejam satisfeitos e algum deles parar, toda a cadeia se desestrutura.

FarmPoint: De que forma você enxerga essa iniciativa no contexto da ovinocultura no Brasil?

Gottardi: No Brasil, a maioria dos ovinocultores têm outra atividade principal. Podemos contar no dedo as pessoas que realmente vivem da ovinocultura. Apesar do grande número de pessoas entrando na atividade, muitos entram de qualquer jeito, e assim, saem de qualquer jeito também, não duram muito tempo na atividade.

O objetivo de nosso projeto é não cometer esse erro. Quando um produtor quer entrar no grupo, a primeira coisa que faço é explicar o programa, envio dados, prospectos para ele ter certeza daonde está entrando. Depois visitamos sua fazenda, analisamos o perfil do criador, sua estrutura, assistência técnica, fazemos um planejamento para enquadrar cada um da melhor maneira possível e com isso evitar problemas futuros.

FarmPoint: Como o Marfrig entra nessa parceria?

Gottardi: O Marfrig é o elo de comercialização dessa parceria. De nada adiantaria montarmos um projeto com essas proporções se não tivéssemos para quem comercializar. O Marfrig é quem está nos dando apoio, divulgando, é um dos sócios da empresa também.

É hoje o maior importador e distribuidor de cordeiros do Brasil e toda a produção comercializada é proveniente do Uruguai. Com o passar do tempo, pretende-se substituir a carne uruguaia pela produzida no projeto da Rissington, que com certeza terá maior qualidade.

O Marfrig sempre terá a preferência de compra dos cordeiros, em uma situação de preços equivalentes. Entretanto, se o Marfrig não cobrir a oferta de outro frigorífico, o terminador é livre para comercializar com outros.

FarmPoint: Como está a distribuição geográfica dos associados pelo país?

Gottardi: Hoje temos associados em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. A idéia é começar o trabalho nesses cinco estados, e numa fase posterior do projeto se estender a outros estados.

fonte: http://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/entrevistas/fernando-gottardi-da-rissington-brasil-genetica-neozelandesa-para-producao-de-carne-31044n.aspx

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ANIMAIS RECÉM ADQUIRIDOS - prática de manejo

Práticas de manejo para animais recém adquiridos
Por Maria Angela Machado Fernandes (MyPoint) e Carina Barros (MyPoint Pro)
postado há 1 dia atrás
1 comentário

Todos os animais recém adquiridos de outras propriedades ou regiões (compra ou empréstimo) e que retornarem de feiras, leilões deverão ser mantidos em observação por um período de 30 a 60 dias, em uma instalação isolada aos demais animais da propriedade (quarentenário), antes de serem introduzidos no rebanho. Essa instalação utilizada como quarentenário pode ser um piquete, uma baia ou um aprisco.

A quarentena é uma medida preventiva que tem como principal objetivo conhecer o estado sanitário dos animais que estão sendo introduzidos na propriedade e certificar-se de que os mesmos são ou não portadores de doenças. Além disso, a quarentena também serve para adaptação gradativa dos animais ao novo ambiente, alimentação e ao manejo da propriedade.

Após a chegada na propriedade, encaminhe os animais para o quarentenário; forneça alimento e água limpa e fresca. O transporte de uma propriedade para outra é cansativo e pode causar bastante estresse nos animais. Por isso, deixe-os descansar antes de realizar a primeira inspeção. Por exemplo, se os animais chegaram de manhã na propriedade, deixe para examiná-los de tarde, e caso tenham chegado de tarde, examine-os na manhã do dia seguinte. Lembre-se de que os animais não estão acostumados à dieta da propriedade e a adaptação deve ser gradativa, principalmente para os alimentos concentrados.

A primeira avaliação dos animais deverá ser realizada por meio de uma inspeção visual geral do animal ou lote em quarentena. Observe se algum animal apresenta alteração de comportamento: isolamento, dificuldade de locomoção, coceira (piolho, sarna), alteração de postura, entre outros.

É importante salientarmos que a pessoa que irá realizar essa inspeção no lote jamais conseguirá identificar um animal doente se não conhecer um animal sadio!

O próximo passo é avaliar cada animal individualmente. O ideal é que essa inspeção individual dos animais seja acompanhada por um médico veterinário que realmente conheça a espécie. Cada animal deve ser contido individualmente e avaliado quanto aos principais parâmetros relacionados com o estado de saúde dos animais:

Condição corporal

Palpação da região lombar com as duas mãos

Boca e dentes

Avaliação dos dentes

Cascos

Avaliação dos cascos (crescimento, lesões, foot rot) e casqueamento quando necessário

Úbere


Avaliação do úbere e dos tetos: consistência, volume, presença de nódulos, abscesso e lesões

Aspecto da lã/pêlo (devem ser sedosos e brilhantes)

Testículos (consistência, tamanho, simetria)

Linfonodos (abscessos, aumento de volume)

Presença de secreção ocular e nasal

Cabra com secreção nasal

Mucosas (icterícia, anemia ou hiperemia)

Avaliação da mucosa ocular

Avaliação da mucosa: (A) ictérica e (B) anêmica.

Aspecto das fezes (consistência); entre outros

Cabrito com diarreia.

Durante o transporte os animais podem sofrer lesões, traumas e fraturas, por isso, é muito importante realizar uma boa avaliação da cabeça, dos membros e de todo o corpo do animal. Atenção para lesões, arranhões, esfolamentos e cortes que podem ser portas abertas para entrada de bactérias e desenvolvimento de miíase! Os animais também devem estar livres de ectoparasitas: pediculose (piolho), sarna ou miíase (bicheira).

Sarna: (a) caprino da raça Boer, (b) com prurido intenso; (c, e) lesões crostosas, com eritema e espessamento da pele; (d) acometimento da face ventral do abdômen e membros.

Sempre que possível, adquira animais de criatórios idôneos, de elevado estado de saúde e acompanhados de atestados de vacinas e certificados negativos baseados em exames laboratoriais de algumas enfermidades como Brucelose, Leptospirose e Artrite Encefalite dos Caprinos (CAE).

A maioria das enfermidades que acometem os caprinos e ovinos apresenta um período de incubação curto o suficiente para que sejam diagnosticadas, tratadas ou prevenidas durante a quarentena, porém algumas delas podem se manifestar somente alguns meses ou até anos após a introdução do animal infectado.

Recomendamos a realização de exames de fezes para avaliação da carga parasitária e desverminação dos animais - quando necessário - antes da introdução no rebanho. É importante que todos os animais recém-adquiridos sejam imunizados com as vacinas que são utilizadas na propriedade.

Lembre-se que a quarentena é uma ferramenta muito importante que deve ser utilizada pelo produtor para minimizar os riscos de introdução no rebanho de novas doenças, formas diferentes da mesma doença ou cepas resistentes.
fonte:
http://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sistemas-de-producao/praticas-de-manejo-para-animais-recem-adquiridos-71435n.aspx

sexta-feira, 29 de abril de 2011

EIMERIOSE/COCCIDIOSE - Ovinos

Eimeriose em pequenos ruminantes
Por André Maciel Crespilho, MyPoint - postado há 1 dia atrás
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A eimeriose corresponde a uma doença parasitária que acomete ovinos e caprinos, causando graves prejuízos, especialmente em animais jovens, tendo grande importância econômica na exploração caprina leiteira e em ovinos mantidos em confinamento (VIEIRA et al., 2002). A doença, também conhecida como Coccidiose, é causada por protozoários do gênero Eimeria spp., representando um sério problema na produção de ovinos e caprinos em virtude da alta morbidade (grande número de animais podem se tornar portadores da doença) e das alterações causadas por esses parasitas ao organismo dos hospedeiros.

Em virtude da grande importância e impacto na produção animal, o objetivo deste radar técnico é apresentar as principais particularidades da Eimeriose em pequenos ruminantes.

O parasita

De acordo com revisões de Vieira (2002), as Eimerias são parasitas classificados como monoxenos, pois realizam seu ciclo de vida em um único hospedeiro. Seu desenvolvimento se completa em três fases distintas de desenvolvimento: a fase de esporulação (que ocorre no meio ambiente), a fase merogônica e gametogônica, as duas últimas ocorrendo nos tecidos dos animais após a ingestão da forma infectante do parasita: os oocistos esporulados (Figura 1).

Os oocistos correspondem ao produto da reprodução sexuada dos parasitas que são eliminados através das fezes, servindo de fonte de infecção e propagação para todo o rebanho. Após a ingestão dos oocistos ocorre a liberação no estômago dos chamados esporozoítos, que correspondem às formas infectantes que invadem a mucosa intestinal.

O parasita utiliza dois mecanismos principais para sua multiplicação: a reprodução assexuada (leva a formação dos chamados esquizontes), que garante a proliferação e manutenção do protozoário no intestino animal; e a reprodução sexuada, que leva a formação de novos oocistos que serão eliminados através das fezes, garantindo a continuidade do ciclo biológico.

Figura 1 - : Exemplificação do ciclo de vida da Eimeria spp., ilustrando a fase de vida fora do organismo hospedeiro (oocisto infectante liberado através das fezes) e as fases de reprodução assexuada e sexuada do parasita. *Disponível em www.scribs.com.pt.

Embora exista uma estreita semelhança morfológica entre as diferentes espécies de Eimeria (VIEIRA, 2002), cada parasito habita segmentos distintos do intestino de caprinos e ovinos, sendo específicos para cada espécie animal (KRUININGEN, 1998). Sendo assim, espécies de Eimerias que parasitam ovinos, geralmente possuem pouca importância como causadoras de doença em caprinos. Nesse sentido, de acordo com levantamento epidemiológico conduzido por Hassum e Menezes et al., (2005), espécies diferentes de Eimeria podem ser isoladas a partir de amostras de fezes de animais criados em condições nacionais, demonstrando a grande variabilidade do coccídio e a especificidade no parasitismo para ovinos e caprinos (Tabela 1).

A doença possui uma alta incidência em rebanhos de todo o mundo, estando amplamente difundida nos diferentes sistemas de produção animal, acometendo ovinos e caprinos de todas as idades (Tabela 2).

Tabela 1 - Frequência média (%) de isolamento de Eimeria em pequenos ruminantes, de acordo com a espécie infectante e com a categoria produtiva, em duas regiões distintas do Estado do Rio de Janeiro.

Tabela 2 - Número de animais examinados e infectados por Eimeria, de acordo com a categoria produtiva.

A doença

A maioria das espécies de Eimeria infectam células epiteliais das vilosidades e das criptas intestinais, podendo se localizar nos vasos linfáticos locais. Microscopicamente, a Eimeriose se caracteriza por necrose do epitélio das vilosidades ou das criptas intestinais, hiperemia e resposta inflamatória local, que pode levar à atrofia das vilosidades e hiperplasia da mucosa (KRUININGEN, 1998).

Em virtude do mecanismo de ação do parasita (lesão das vilosidades intestinais responsáveis pela absorção dos nutrientes da dieta), os principais sinais clínicos associados à Eimeriose são o déficit de crescimento e a diarreia (KRUININGEN, 1998), que muitas vezes podem ser confundidos ou associados às verminoses convencionais, o que dificulta o diagnóstico. Geralmente os ovinos e caprinos infectados apresentam diarreia (muitas vezes contendo muco ou sangue) acompanhada por desidratação, anemia, baixa conversão alimentar, baixo ganho de peso médio diário, emagrecimento progressivo, fraqueza ou morte, que ocorre principalmente em animais jovens.

Geralmente quando um pequeno número de coccídeos parasita o intestino de animais saudáveis em crescimento, não se observam sinais clínicos da doença. No entanto, quando os animais são mantidos em condições de superlotação, manejo nutricional e sanitário inadequado, pode ocorrer um alto índice de transmissão fecal-oral e a manifestação da doença em sua forma clínica, que em muitas situações pode ser fatal.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da Eimeriose deve ser realizado através do conjunto de informações colhidas durante a anamnese do rebanho, levando-se em consideração o manejo dos animais, sistema de criação, sinais clínicos e exame coproparasitológico, que permite a identificação de oocistos (Figura 2) a partir de amostras de fezes (Cantelli et al., 2007).

A eficiência do tratamento depende do diagnóstico e de seu início rápido, evitando que o parasitismo atinja um grande número de animais na propriedade. Drogas como as sulfas, amprólio, decoquinato, antibióticos ionofóros (monensina, salinomicina, lasalocida) e toltrazuril correspondem aos fármacos comumente utilizados para o tratamento e/ou prevenção dos quadros de Eimeriose em pequenos ruminantes. Terapia de suporte e manutenção (uso de soluções eletrolíticas como o Ringer com Lactato de Sódio) deve ser instituída para os animais que apresentarem quadros de diarréia profusa associada à desidratação.

Figura 2 - Oocistos de Eimeria spp. O exame laboratorial das fezes representa a principal forma de diagnóstico da doença em ovinos e caprinos. Disponível em: http://www.apacapacas.com

Como o manejo do rebanho, estresse, o estado fisiológico dos hospedeiros e as condições ambientais exercem grande influência sobre a virulência dos oocistos das espécies de Eimeria (HASSUM e Menezes et al., 2005), a prevenção da Eimeriose é realizada através da adoção de medidas sanitárias e pelo uso preventivo de drogas anticoccídicas, que eventualmente podem ser incorporadas à água ou ração.

Medidas simples como a higiene de comedouros e bebedouros, remoção sistemática das fezes e/ou troca da cama, formação de lotes homogêneos com animais de mesma categoria ou faixa etária e adequada lotação animal por unidade de manejo garantem a diminuição do risco de ingestão dos oocistos de Eimeria e interrupção do ciclo biológico do parasita.

fonte: http://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/eimeriose-em-pequenos-ruminantes-71314n.aspx

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CONFINAMENTO DE CORDEIROS - curso

Produção Intensiva de Cordeiros: do nascimento ao abate
Programa do curso

Módulo 1. Mercado e cadeia produtiva da carne ovina

• Mercado internacional

• Cadeia produtiva da carne ovina no Brasil

• Principais ecossistemas de produção existentes no Brasil

Módulo 2. Raças, cruzamentos e adequação aos sistemas de produção
• Raças com possibilidade de utilização para produção de cordeiros

• Fundamentos para a produção de cordeiros

• Tipos de cruzamento

• Adequação das raças e cruzamentos aos sistemas de produção

Módulo 3. Manejo pré-natal de cordeiros
• Criação de borregas de reposição

• Escore de condição corporal

• Crescimento e desenvolvimento placentário, vascular e fetal

• Manejo da fêmea gestante

Módulo 4. Manejo pós-natal de cordeiros
• Manejo da fêmea parturiente e lactante

• Período neonatal e manejo pós-parto

• Desenvolvimento dos pré-estômagos creep feeding

• Sistema de desmama

• Crescimento de cordeiros

Módulo 5. Terminação de cordeiros e características de carcaça
• Terminação a pasto

• Terminação em confinamento

• Características de carcaça

Instrutor
Daniel de Araújo Souza, Médico Veterinário pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Especialista em Manejo da Pastagem pelas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU). Mestre em Zootecnia, com área de concentração em Produção Animal, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente, é Doutorando em Zootecnia, com área de concentração em Produção Animal, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), atuando a nível acadêmico e de campo em ovinocultura de corte e em agronegócio da carne ovina.

fonte: http://www.agripoint.com.br/curso/producao-cordeiro/

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CRUZAMENTO RAÇA LEITEIRAxCARNE - pesquisa

A importância do cruzamento entre ovinos de raças de carne x raça leiteira na produção de cordeiros de corte - Parte I Letieri Griebler
Zootecnista e Mestranda em Produção Animal




Com as mudanças ocorridas na ovinocultura brasileira, a partir da década de 90, quando a produção de lã deixou de ter tanta importância no mercado mundial pela entrada dos produtos têxtil, a solução dos produtores foi buscar outras alternativas para quem sempre gostou da atividade de "produzir ovinos".

A partir desta mudança, a tendência atual da ovinocultura é a produção de carne, principalmente de animais jovens, com carcaças de alta deposição muscular e quantidade de gordura o suficiente para manter as características sensoriais da carne. Segundo a preferência do consumidor, procura-se produzir animais jovens de até 150 dias, com peso vivo de 28 a 30 kg e carcaças de tamanho moderado (12 a 14 kg), afirma Siqueira (1999).

Pesquisas recentes na linha de produção de carne de cordeiro visam selecionar matrizes com boa produção de leite, ou raças com aptidão leiteira cruzadas com raças de aptidão carne, obtendo neste cruzamento, fêmeas F1 com maior produção de leite, pela adição da característica produtiva da raça no cruzamento.

O leite produzido pelas ovelhas é, nas primeiras três semanas de lactação, a principal fonte de alimentação para os cordeiros. Este fornece nutrientes necessários durante um período em que o potencial de crescimento dos cordeiros é mais elevado, segundo Pires et al., (2000).

Nos sistemas de produção em que há disponibilidade de alimento em quantidade e qualidade para as matrizes, o desmame de seus cordeiros não é necessário, já que os mesmos podem alcançar o peso de abate aos três meses de idade ou até antes deste período. Para chegar neste objetivo, estas fêmeas devem apresentar uma produção de leite considerável, pois irá refletir diretamente no desempenho de seus cordeiros, justificando assim a importância da introdução de raças leiteiras no rebanho.

Este tipo de seleção e cruzamento para a produção de matrizes com maior desempenho leiteiro foi realizado no Laboratório de Ovinocultura da Universidade Federal de Santa Maria, no ano de 2007. A introdução do material genético da raça Lacaune (raça com aptidão leiteira), cedido pela Cabanha Dedo Verde do município de Viamão-RS, veio colaborar nesta linha de pesquisa.

As matrizes do Lab. de Ovinos da UFSM são oriundas do cruzamento das raças Texel e Ile de France. Estas fêmeas foram inseminadas com sêmen de reprodutores Lacaune, para obtenção das fêmeas F1 (½ sangue Lacaune + ½ sangue raças de carne), figura 1.

Figura 1 - Fêmeas F1, do cruzamento com as raças de carne x Lacaune.





Em 2009, realizou-se a primeira avaliação destas matrizes F1, com o objetivo de determinar a produção e a composição do leite destas ovelhas primíparas, de parto simples ou duplo, e o desempenho de seus cordeiros mantidos ao pé-da-mãe até o peso de abate de 30 kg de peso corporal após jejum, em pastagem cultivada de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.)

Animais experimentais e avaliações

Foram avaliadas dezoito ovelhas F1 do cruzamento entre as raças Lacaune X raças de carne, primíparas (figura 2), acasaladas com reprodutor da raça Suffolk. O objetivo da utilização deste reprodutor foi a busca de um maior potencial de crescimento dos cordeiros.

Figura 2 - Primíparas F1.





A produção de leite destas ovelhas foi realizada durante oito semanas, com a permanência do cordeiro ao pé-da-mãe, segundo metodologia proposta por Susin et al.(1995). As ovelhas foram esgotadas e ordenhadas manualmente (após três horas da separação dos cordeiros), com auxilio 1UI (unidade internacional) de ocitocina aplicada por via intramuscular.

Na tabela 1 estão os pontos máximos de produção de leite, que foram de 3,0 kg/dia nas ovelhas que tiveram cordeiros gêmeos, já as ovelhas de parto simples tiveram uma produção de 2,6 kg/dia. Para a produção total de leite nas oito semanas de avaliação, as ovelhas de parto duplo produziram em média 2,5 kg/dia, enquanto que as de parto simples tiveram uma produção total de 2,3 kg leite/dia. Esta diferença de produção de leite é explicado pela habilidade dos cordeiros gêmeos em esvaziar completamente as glândulas mamárias no início da lactação.


Tabela 1 - Pico e produção total de leite (kg/dia) de oito semanas de lactação de ovelhas do cruzamento entre as raças Texel x Ile de France x Lacaune (F1), amamentando cordeiros de parto duplo ou simples.





A composição do leite ovino apresenta algumas diferenças na sua constituição em relação ao leite das demais espécies, principalmente por possuir elementos mais ricos em sua composição (Brito, 2004). Na tabela 2, estão os valores médios da composição do leite das ovelhas F1, e pode-se observar diferença nos teores protéicos e de lactose entre os tipos de parto. Os teores de proteína são inversamente proporcional à quantidade de leite produzido, sendo maior ou mais concentrado (teor de proteína) nas ovelhas de parto simples, que tiveram uma produção de leite inferior que as de parto duplo.

Tabela 2 - Valores médios do teor de proteína (%), teor de gordura (%), teor de lactose (%), densidade e acidez (°Dornic) entre os tipos de parto.





O desempenho dos cordeiros mantidos ao pé-da-mãe em pastagem foram de 0,394 kg/dia para os cordeiros de parto simples e 0,292 kg/dia para os cordeiros gemelares. Esta diferença de ganho de peso entre os tipos de parto explica-se pela disponibilidade de leite não ser igual para os cordeiros, pois as ovelhas de partos gemelares não produzem o dobro de leite que as ovelhas de parto simples, portanto a quantidade de leite é menor para os gêmeos. Além disso, a influência do teor de proteína, que foi maior nas ovelhas de parto simples, pode ter afetado o desempenho deste cordeiros.

A disponibilidade de leite ao cordeiro até o peso ideal de abate (30 kg de peso corporal em jejum), levaram a uma média de 88 dias ao abate. Esta média poderá ser reduzida em 15 dias quando o peso de abate for de 28 kg de peso corporal em jejum.

Tabela 3 - Médias de ganho médio diário (g/dia), peso de abate (kg de peso corporal com jejum) e idade de abate (dias) de cordeiros de parto duplo e simples mantidos em pastagem ao pé-da-mãe.





Vale salientar, que a dieta disponível para estas fêmeas F1, seja em quantidade e também em qualidade, suprindo suas exigências, pois os altos requerimentos nutricionais para a produção de leite e mantença são maiores no período de lactação. Portanto, o acompanhamento das reservais corporais destas ovelhas F1 deve ser mais rigoroso, para que as mesmas possam expressar todo o seu potencial produtivo.

O experimento demonstra a importância da introdução de raças com maior propensão a produção de leite no cruzamento de raças com aptidão para produção de carne, sem a necessidade do desmame de seus cordeiros, obtendo maior desempenho destes animais e na conseqüente redução de dias para atingir o peso adequado de abate.
fonte:

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SOBRE OVINOS LEITEIROS
E PRODUÇÃO DE CORDEIROS
- Tatiana Wommer
link: http://w3.ufsm.br/ppgz/conteudo/Defesas/Dissertacoes/TatianaPfullerWommer.pdf

PESQUISA - Veterinária Maria Angela Machado Fernandes

Confinamento: desempenho pré-desmame de cordeiros puros e cruzados Suffolk e Santa Inês - Parte I Maria Angela Machado Fernandes
Médica Veterinária e Mestre em Ciências Veterinárias


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Alda Lúcia Gomes Monteiro
Professora Depto Zootecnia UFPR


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Carina Simionato de Barros
Médica veterinária, Doutoranda FMVZ-USP




Um sistema eficiente de produção de carne ovina é reflexo da prolificidade materna, dos cruzamentos entre raças, do potencial de crescimento dos cordeiros, do sistema de produção, da eficiência reprodutiva e do rendimento em carne.

A raça deslanada Santa Inês vem apresentando considerável demanda no Sudeste do Brasil, devido à capacidade de adaptação e eficiência reprodutiva e por não apresentar comportamento estacional (SANTOS et al., 2003). No Estado do Paraná, também se observa grande interesse pela mesma, devido à baixa susceptibilidade às infecções parasitárias. Porém, a literatura cita (CUNHA et al., 2001) que, em sistemas intensivos, os cordeiros Santa Inês têm apresentado desempenho e características das carcaças inferiores às tradicionais raças de corte.

Figura 1 - Fêmeas da raça Santa Inês (LAPOC/ UFPR).





Nas regiões Sul e Sudeste do Paraná, a raça Suffolk para carne está presente em grande número de propriedades. Assim, o uso destes reprodutores de corte sobre ovelhas Santa Inês pode resultar em maior potencial para ganho de peso, reduzindo o tempo para abate e, assim, o custo de produção dos cordeiros.

Figura 1 - Cordeiros da raça Suffolk. Fonte: http://www.highfieldhousefarm.co.uk/suffolk-sheep-c12.html





Contudo, deve-se ter em mente que o fato de se realizar o cruzamento com raças especializadas para produção de carne, não implica necessariamente em obtenção de produto melhor. Para que ocorra a expressão do potencial do cruzamento faz-se necessário bom manejo sanitário e nutricional.

No artigo desse mês iremos apresentar um trabalho que foi realizado no Laboratório de Produção e Pesquisa de Ovinos e Caprinos (LAPOC), na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento ponderal de cordeiros confinados resultantes dos seguintes cruzamentos:

(1) carneiro Suffolk e ovelhas Suffolk: cordeiros Suffolk;

(2) carneiro Suffolk e ovelhas Santa Inês: cordeiros Suffolk X Santa Inês;

(3) carneiro Santa Inês e ovelhas Suffolk: cordeiros Santa Inês X Suffolk;

(4) carneiro e ovelhas Santa Inês: cordeiros Santa Inês.

Nesta primeira parte do artigo iremos discutir o efeito dos grupos genéticos acima sobre o desempenho dos cordeiros na fase pré-desmame.

Manejo dos Animais

Após o nascimento, os cordeiros foram pesados e identificados e aos desmame foram vacinados contra as clostridioses.

Desde a 1ª semana de vida, os animais tinham à disposição dieta composta de ração farelada (20% PB) e silagem pré-secada de aveia em creep feeding. Durante o período de aleitamento, as ovelhas e os cordeiros foram mantidos em aprisco suspenso ripado. As ovelhas recebiam silagem de milho "ad libitum" e 500 g de ração concentrada (17,2% PB) por dia. (Tabela 1)





Em idade pré-estabelecida de 45 dias, os cordeiros foram desmamados, pesados e everminados pela primeira vez. Foram então confinados em baias coletivas de 6,3 m x 4,0 m, com piso ripado suspenso, até atingirem o peso vivo de abate de 30-32 kg.

Resultados obtidos

Na tabela 02 são apresentadas as médias estimadas e os desvios-padrão dos pesos ao nascer e ao desmame e o ganho médio diário pré-desmame de cada grupo genético. Os cordeiros da raça Suffolk apresentaram peso médio ao nascer superior (P<0,01) aos demais grupos genéticos. Lembre-se que o peso ao nascimento está diretamente relacionado a fatores de ordem genética! Observe na tabela acima que os pesos ao nascer dos cordeiros Santa Inês (3,637 kg) e dos cordeiros dos grupos carneiro Suffolk X ovelha Santa Inês (4,020 kg) e carneiro Santa Inês X ovelha Suffolk (4,333 kg) não diferiram entre si. Este resultado obtido não concorda com o relatado na literatura nacional para cruzamentos entre reprodutores lanados com ovelhas deslanadas SRD no Nordeste Brasileiro, onde os cordeiros mestiços lanados apresentaram peso ao nascimento superior aos deslanados (BARROS et al., 1999; FURUSHO-GARCIA et al., 2004; MACHADO et al., 1999). Entretanto, o peso ao nascimento (3,6 a 4,3 kg) observado no presente trabalho é superior ao relatado na literatura, em que são descritos valores de 3,22 kg para cordeiros mestiços Santa Inês em parições em confinamento (MACHADO et al., 1999). Observe na Tabela 2 que houve efeito do grupo genético sobre o peso ao desmame e o ganho médio diário do nascimento ao desmame. No entanto, não houve diferença entre os dois grupos cruzados quanto às variáveis citadas. Os animais da raça Santa Inês não apresentaram diferença no peso ao desmame (11,450 kg) em comparação aos filhos de carneiros Suffolk e ovelhas Santa Inês (14,222 kg), mas diferiram dos cruzados Santa Inês X Suffolk (15,240 kg), mostrando a influência da raça materna nesta característica. As matrizes também tiveram efeito sobre o ganho corporal nessa fase pré-desmame: cordeiros Santa Inês X Suffolk ganharam mais peso nessa fase que os Santa Inês puros. RODA et al. (1983) obtiveram aumentos significativos nos pesos ao nascer e ao desmame, com animais resultantes dos cruzamentos de carneiros Suffolk sobre fêmeas deslanadas em relação aos puros deslanados, o que não foi observado no presente trabalho. Neste trabalho foram observadas correlações positivas entre os pesos das mães (ao parto e ao desmame) e o desempenho dos cordeiros nas fases pré e pós desmame confirmando a importância da condição corporal das ovelhas ao parto e a importância da lactação para o desempenho dos cordeiros. Na segunda parte do artigo iremos apresentar os resultados obtidos na fase pós-desmame (do desmame até o abate) e as conclusões sobre os resultados obtidos. fonte: http://www.farmpoint.com.br/?actA=7&areaID=3&secaoID=32¬iciaID=66574

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PRODUÇÃO DE LEITE DE OVELHA

Notícias de Mercado 28/03/2011 | Caprinos e ovinos,Pecuária de leite

Leite em pó de ovelha pode ser novidade no mercado
Depois do lançamento de produtos como queijos e iogurtes à base de leite de ovelha, outras iniciativas vêm surgindo com força no segmento. A novidade é a amostra de secagem de leite de ovino, que resulta em leite em pó. O primeiro volume, feito de forma experimental, foi de 50 litros. A iniciativa é da Associação Brasileira de Ovinocultura de Leite, com o apoio do Sebrae/SC.

Na última semana, foi realizada reunião virtual com ovinocultores de todo o país, visando discutir alternativas para expandir a produção de leite em pó. Com o novo produto, será possível produzir queijos de qualidade diferenciada, iogurtes, sorvetes, entre outros derivados. O leite em pó de ovelha poderá ser comercializado em farmácias para consumo, principalmente, de crianças e idosos.

O presidente da associação, Érico Tormen, destaca que, para implementar o projeto, está sendo desenvolvida uma máquina de secagem de leite de ovelha.

Os membros da Associação Brasileira de Criadores de Ovelhas (ABCOL), Valdair Antonio Ecco e Jean Píer Basso, afirmam que a produção de leite em pó fortalecerá os produtores.

– Com o leite in-natura, temos dificuldades para transportar, tanto pelo volume quanto pela durabilidade. Com o novo produto, será possível levar uma carga maior, sem perder em qualidade – reforça Basso.

Outro projeto em análise é a criação do “shopping da ovelha”, que poderá ser implementado em todo o país através de franquias para comercialização de produtos a base do leite em pó.

Em Santa Catarina, existem cerca de 2,8 mil ovelhas leiteiras, que produzem em média mil litros de leite de ovelha por dia.

– Nossas expectativas são promissoras, pois existem muitos produtores interessados em expandir a produção e a tendência é que mais agroindústrias absorvam esse volume – destaca Tormen.

No final de fevereiro, Tormen esteve na Embrapa Ovinos e Caprinos em Sobral, no Ceará, para discutir a importação de ovelhas leiteiras da Europa, com o objetivo de desenvolver programa de melhoramento genético de cruzamento de raças e seleção de animais.

– A produção de leite de ovelha é uma atividade significativa e, com a organização da cadeia produtiva, será possível fortalecer o segmento – comenta o produtor, que conta com 970 ovelhas para a produção de 180 litros de leite por dia.

A Associação Brasileira de Ovinocultura estará presente na Mercoláctea 2011, em Chapecó, no período de 11 a 14 de maio. Além do Sebrae e da Embrapa, a associação conta com o apoio do Senai.

Fonte: ZooNews
http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/leite-em-po-de-ovelha-pode-ser-novidade-no-mercado

quarta-feira, 30 de março de 2011

MARFRIG - 8ª feinco

[29/03/2011]


Entrevista com Gustavo Martini, do Marfrig


Na 8ª Feinco (Feira Internacional de Ovinos e Caprinos), Raquel Maria Cury Rodrigues - analista de mercado do FarmPoint - entrevistou Gustavo Martini, zootecnista e coordenador de ovinos do Grupo Marfrig. Ele falou sobre o lançamento de cortes ovinos com a marca Seara, comentou sobre o fomento da atividade x captação de animais e sobre o mercado da ovinocultura. Confira abaixo o vídeo da entrevista e os principais destaques.

Destaques da entrevista

"A linha Seara do Marfrig veio para agregar consumo e qualidade no mercado de carne ovina. O Marfrig trabalha com cordeiros desde 2000 e hoje 80% do mercado de comercialização de carne ovina é nosso".

"A linha Seara é diferenciada porque oferece carne ovina em cortes porcionados, com pesos menores, volumes menores, todos embalados à vácuo, para atender pequenas famílias e um público que busca um menor volume de carne em cada refeição. Tudo isso em prol da introdução da carne ovina no dia-a-dia do consumidor".

"Para a captação dos animais, nós estamos com um programa muito interessante de fomento. Existe um preocupação muito grande do Marfrig pela redução mundial de carne ovina e por isso, estamos buscando capacitar a mão-de-obra operacional e mão-de-obra técnica para que o produtor tenha melhores resultados zootécnicos e fique satisfeito em se manter na atividade".

"Hoje estamos com um corpo técnico no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e também no Rio Grande do Sul. Nós compramos tanto animais gordos prontos para o abate como animais para serem terminados nos confinamentos do Marfrig. Hoje nós estamos com um confinamento no Estado de São Paulo com capacidade estática de sete mil cordeiros e um confinamento do Rio Grande do Sul com capacidade estática de oito mil cordeiros mas até o final do ano estaremos confinando vinte mil cordeiros".

"A tendência de mercado está muito favorável para o produtor de ovinos. A demanda de carne ovina está crescendo a cada ano, mas não estamos percebendo um crescimento na produção. Um produtor de ovinos que produzir com qualidade e com todas as especificações para atender o atual mercado consumidor vai ter a venda garantida de sua produção e num preço muito bom e isso não é a curto prazo".

"Hoje estamos trabalhando com pernil bola, pernil fatiado, paleta, costela, filézinho, frenched rack, alcatra completa, carré francês e neck".

Vídeo da entrevista
http://www.farmpoint.com.br/?noticiaID=70668&actA=7&areaID=1&secaoID=6


fonte:
Equipe FarmPoint